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Por que Porto Alegre colocou uma caravela no Arroio Dilúvio?

  • Foto do escritor: Redação Portal Escala Humana
    Redação Portal Escala Humana
  • 15 de set.
  • 4 min de leitura

O Arroio Dilúvio, um córrego que nasce em Viamão e deságua no Guaíba, atravessa o coração de Porto Alegre. Fundamental para o desenvolvimento inicial da cidade, já foi considerado um dos principais rios urbanos do Brasil. Hoje, após ser canalizado e retificado, dando origem à Avenida Ipiranga, sofre com a poluição por conta do lançamento de esgoto e contribui para os alagamentos na região. Suas margens são degradadas e tornam mais triste a paisagem da capital do Rio Grande do Sul. 


Mas, recentemente, em meio a esse cenário pouco atrativo, uma pequena embarcação de cor azulada flutuando sobre as águas chamou a atenção de quem passava perto do Arroio Dilúvio, no bairro Praia de Belas. O objeto de estrutura triangular, com 5 m de largura, 3,4 m de comprimento e pouco mais de 3 m de altura, que mais parecia ter saído de um filme de ficção ou de um projeto artístico experimental, era, na verdade, um protótipo que unia ciência, engenharia e sustentabilidade. 



Qual o propósito da pequena embarcação no Arroio Dilúvio?


Batizado de “caravela”, por seu formato que remete às antigas embarcações portuguesas, o jardim flutuante de algas nativas colocado no Arroio Dilúvio, foi projetado pela startup Infinito Mare  especializada em tecnologias verdes para ecossistemas aquáticos  para purificar a água, promover oxigenação do ambiente e até capturar dióxido de carbono da atmosfera. Vale esclarecer que o equipamento, apesar de inovador, não navega. Sua função é funcionar como laboratório de vivo de biorremediação local.


São benefícios gerados pela mini caravela nos processos de despoluição:


  • Contribui para a despoluição direta da água.

  • Ajuda a melhorar a qualidade do ar local.

  • Permite o monitoramento contínuo dos parâmetros ambientais da água.

  • Complementa a ação da ecobarreira, ampliando sua eficácia.

  • Detecta poluentes dissolvidos, que a ecobarreira sozinha não identifica.



 Imagem divulgação Infinito Mare, SMAMUS, PMPA
 Imagem divulgação Infinito Mare, SMAMUS, PMPA

Como funciona essa tecnologia “verde”?


Dentro desse modelo de caravela visto no Arroio Dilúvio, há telas de malha especial que permitem o crescimento controlado de algas, cuja espécie escolhida é capaz de atuar como “esponja biológica”. Essas plantas conseguem absorver nutrientes provenientes de matéria orgânica como o esgoto, capturar metais pesados e, por meio da fotossíntese, liberar oxigênio na água e na atmosfera ao mesmo tempo que sequestram o CO2. Mais tarde, a biomassa algal é recolhida e encaminhada para usos sustentáveis, como fertilizantes, biogás e outros produtos, como fertilizantes, biogás e outros produtos.


O casco da pequena embarcação é feito de polietileno de alta densidade, que garante durabilidade e resistência às intempéries. Ademais, o protótipo também leva um sistema de iluminação de LED alimentado por energia solar, ideal para estimular o crescimento das algas mesmo em condições de baixa luminosidade. 


A saber, há a previsão de instalação de uma segunda caravela nas proximidades do Pontal Shopping, permanecendo por três meses no local para coletar dados e medir sua eficácia.


Por que o Arroio Dilúvio foi escolhido para o projeto-piloto?


O projeto da pequena caravela utilizada no Arroio Dilúvio de Porto Alegre é resultado de duas ações distintas, mas correlacionadas. Primeiro, a parceria entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e a empresa Heineken,  dentro do edital Heineken Floating Bar, que fomenta iniciativas sustentáveis de startups. Segundo, o Plano de Ação Climática da Capital, parte das ações para monitoramento e revitalização das bacias dos arroios urbanos.


Na verdade, a escolha do Dilúvio não foi nada aleatória. Há um desejo histórico no povo porto-alegrense em reverter o trágico destino desse curso d'água, que corta áreas urbanas densas e tem grande relevância ambiental e social. 


O problema é que as barreiras ecológicas já antes instaladas no arroio só foram eficientes em conter o lixo sólido, deixando passar os poluentes químicos e biológicos que comprometem a qualidade da água e prejudicam a vida aquática. Então os cientistas tiveram a ideia de posicionar uma caravela numa logo após uma dessas ecobarreiras, como complemento ao seu trabalho. 


Claro que o equipamento é uma solução pontual, mas deve cumprir sua função ambiental e — por que não? — educativa também. Afinal, a curiosidade acaba gerando, consequentemente, a conscientização!


Quais são os planos para o futuro do Arroio Dilúvio?


A instalação da caravela pode representar um esforço inicial de Porto Alegre cumprir seus planos ambiciosos de revitalização integral do Arroio Dilúvio. Desde 2021, a prefeitura vem divulgando imagens da maquete eletrônica de uma proposta urbana para toda a sua extensão especialmente na região da Avenida Ipiranga , tomando como inspiração um modelo dinamarquês. O mesmo prevê a construção de um parque linear nas margens do arroio, integrando natureza, mobilidade e urbanismo. E aí, será que dará certo?


A capital gaúcha manifesta o desejo em apostar na tecnologia e urbanismo avançado para criar uma cidade mais limpa, saudável e integrada com seus rios e arroios. A esperança é de que a recuperação do Dilúvio possa impulsionar na região o desenvolvimento sustentável de verdade, servindo de modelo para outras cidades brasileiras preocupadas com seus recursos hídricos e qualidade de vida urbana.



 Imagem divulgação PMPA via Jornal do Comércio
 Imagem divulgação PMPA via Jornal do Comércio


Imagem divulgação PMPA via GZH
Imagem divulgação PMPA via GZH


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Fontes:


📸 Imagem de capa:

Imagem divulgação Infinito Mare, SMAMUS, PMPA


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