Cidades obrigam casas a terem telhados da mesma cor — e o impacto vai muito além da estética

Redação Portal Escala Humana
3 de nov.
4 min de leitura

O Portal Escala Humana oferece neste artigo uma oportunidade para você refletir sobre o papel dos telhados na arquitetura contemporânea. Este elemento sempre foi essencial na construção civil, servindo para proteção, vedação e estética. Agora, diante da atual crise climática, ele deixa de ser componente secundário para se tornar uma peça estratégica na mitigação do aquecimento global, uma ferramenta de transformação ambiental.

Uma nova tendência está surgindo no mercado, revelando um novo modo de projetar e ocupar espaços urbanos.

Para os profissionais da área, a lição é clara: o telhado, antes visto como um componente secundário, agora se torna uma peça estratégica na mitigação do aquecimento global.

Vamos tomar como exemplo uma medida legislativa recém-implementada em cidades como Atlanta, nos Estados Unidos. Por lá, as novas construções devem adotar telhados de cores claras e materiais refletivos. A medida é indicada para regiões de clima quente, como temos aqui no Brasil, e se baseia em princípios simples da física para reduzir o calor dentro das residências e também a temperatura média da cidade. Continue lendo este texto para saber mais!

Imagem meramente ilustrativa gerada em IA de Google Gemini

Por que pintar todos os telhados da mesma cor?

Você deve lembrar das aulas na escola, quando o professor explicava que uma pessoa vestindo camiseta preta sobre um sol escaldante e altas temperaturas deve sentir muito mais calor do que uma pessoa vestindo uma camiseta branca. Essa regra também se aplica à arquitetura. Edificações com telhados escuros absorvem mais energia solar, aquecendo os ambientes internos. E a nova legislação adotada em Atlanta obriga os proprietários a pintar os seus telhados com cores claras e refletivas.

Por aqui, arquitetos brasileiros devem se inspirar nesse modelo técnico e projetar construções mais confortáveis, econômicas e aliadas à sustentabilidade urbana. Na verdade, nem mesmo se trata de uma novidade falar de telhados frios ou telhados refletivos na arquitetura - seja com tintas ou materiais que refletem a luz solar ao invés de absorvê-la. Essa tecnologia passiva é ensinada na academia como solução para reduzir a temperatura das superfícies em até 20 graus Celsius, a depender do clima local.

O desafio das ilhas de calor urbano

“Ilhas de calor urbano” é um fenômeno estudado no urbanismo e que tem relação com áreas urbanas que apresentam temperaturas mais altas do que áreas rurais ao redor. A causa principal disso é a substituição massiva da vegetação por superfícies, sobretudo de vidro, asfalto e concreto, que absorvem muito mais calor, e pela liberação de calor gerada por atividades humanas como trânsito e indústria.

Algo que agrava muito essa condição nas cidades é o uso de telhados escuros e ar-condicionado nas edificações. A consequência é uma elevação da temperatura interna das edificações, maior consumo de energia elétrica e maior emissão de gases do efeito estufa, afetando severamente a saúde pública, especialmente em bairros de baixa renda com pouca arborização.

Impactos econômicos e sociais da nova lei

Aumento da durabilidade das coberturas
Redução da dilatação térmica e danos UV
Prolongamento no ciclo de vida da estrutura
Diminuição dos custos de manutenção
Redução do consumo de energia, aliviando sistemas elétricos urbanos e prevenindo apagões
Melhoria da habitabilidade, equidade e resistência das cidades
Menor emissão de gases poluentes
Maior conforto ambiental e saúde

Como a arquitetura pode ajudar na adaptação climática?

A ciência da arquitetura já tem as respostas não só para atender a demandas estéticas e funcionais, mas também a certas urgências ambientais e sociais. Vários são os exemplos de projetos que demonstram a eficácia na aplicação de técnicas como a dos telhados frios para a adaptação das cidades às mudanças climáticas. Pintar os telhados de cores claras ou revesti-los de materiais refletivos é uma proposta simples de mitigação do aquecimento urbano, mesmo que as políticas nacionais ou os acordos globais sejam lentos e ineficientes.

A saber, estima-se que, com telhados frios ou telhados refletivos, seja possível reduzir a temperatura média de uma cidade em cerca de 1,3 graus Celsius durante o pico do verão — uma economia superior a 300 milhões de dólares em energia ao longo de 35 anos.

Compartilhando este artigo com outros profissionais e amantes da arquitetura, você contribui para uma melhor perspectiva futura das cidades! A expectativa é que a arquitetura contemporânea seja mais bem alinhada à tendência de integração entre projeto urbano, política pública e sustentabilidade. Todo arquiteto deve trabalhar para contribuir ativamente na elaboração de soluções que não apenas embelezem os espaços, mas também protejam a vida urbana!

Combinação arborização urbana e telhados frios

A mitigação do calor urbano deve ser controlada pelos materiais utilizados na construção civil e também pelo planejamento urbano integrado, com foco na valorização da vegetação (áreas verdes) das cidades. Essa é a combinação mais eficaz de barreira contra o calor excessivo — é o verdadeiro design sustentável! Árvores, além de proporcionarem sombra, liberam vapor d'água que resfria o ar, reduzindo a incidência de enchentes e melhorando a qualidade do ar.

Inspire-se para construir cidades mais frescas e humanas

O Brasil está repleto de cidades com temperaturas médias elevadas e alto índice de insolação durante o ano. Sendo assim, nossos centros urbanos são candidatos ideais para a adoção de políticas semelhantes às adotadas por Atlanta, nos Estados Unidos. Além disso, há muitas outras ideias inovadoras para explorar, como o uso de pigmentos refletivos e revestimentos cerâmicos, que permitem explorar a luz e o contraste para proteção da estrutura e identidade visual.